Mulher...
Toda mulher deveria ser um instrumento do amor da Mãe Divina, sentindo o mesmo amor pelo mundo inteiro. Ao inspirar os homens por meio de semelhante amor, a mulher oferece a maior bênção que possui.
Uma mulher cheia de ódio e ira verá essas mesmas qualidades no homem. É por isso que toda mulher deveria evitar deixar-se levar por seus estados de ânimo, mantendo-se sempre livre de toda emoção equivocada. Isso porque, quando é vítima do ciúme ou do ódio, a mulher perde a qualidade intuitiva, o dom especial que Deus lhe concedeu. Minha mãe, por exemplo, possuía uma grande intuição, porque sua mente era livre de todo ciúme, ódio e ira.
Todas as mães estão destinadas a ser uma manifestação do amor incondicional de Deus. Mas as mães humanas são imperfeitas; somente a Mãe Cósmica é perfeita. Quando vejo a cegueira de algumas mães humanas, penso: “Este não é, na verdade, o amor ilimitado da Mãe Divina”. Quando o amor de uma mãe alcança um grau de perfeição tal que não há mais nem limitação nem qualquer anseio de posse, ele se converte no amor da Mãe Divina.
A mãe deve oferecer seu amor maternal a todos por igual, e não apenas aos próprios filhos. “Mas não é possível acudir a todos os seres do mundo e oferecer-lhes tal amor”, poderão dizer. Existe, no entanto, um caminho mais fácil para desenvolver o amor incondicional. Ao meditar, concentre-se no coração e afirme: “Sinto Deus como a Mãe Divina”. Depois, ao tomar consciência desse grande amor, irradie-o mentalmente a todas as criaturas da terra.
Dessa forma, em vez de objeto de tentação, irá convertê-las em objeto de inspiração. Bendigo todas as mães, e lhes digo: Abarque todos os seres no amor que Deus pôs em seu coração! Deve sentir-se orgulhosa de que a Mãe Divina tenha assumido sua forma no intuito de oferecer um amor tangível ao mundo, não apenas a seus filhos, mas a todas as criaturas da terra. Deveria esforçar-se para lembrar sempre o fato de que o amor divino que flui através de você é incondicional. Não é seu amor, mas o amor da Mãe Divina que mora em seu interior. Seu orgulho maternal não deveria limitá-la nem torná-la possessiva; só assim será verdadeiramente bendita, e dirá: “Sinto-me orgulhosa não só por ter um ou dois filhos, mas por todos os filhos que tenho espalhados pela terra”. Somente então, conseguirá identificar-se com a Mãe Divina.
A mãe que considera todos como seus próprios filhos não é apenas uma mãe mortal; uma mulher como essa converte-se na Mãe Imortal. Isso aconteceu com todas as santas que realizaram a seguinte verdade: “O amor que sentia por meus entes queridos, sinto-o agora por todos. Sei que não sou este corpo; sou a Mãe Divina onipresente”. Reflita sobre aquilo em que você pode converter-se: em lugar de uma simples mulher, pode ser a Mãe Divina! E por que não? Ela a criou à sua semelhança, e você deve manifestar Sua imagem por meio de seu amor por todos.
O amor incondicional ao qual me refiro não é um amor cego. Não se trata de ignorar os erros de um filho, mas de amá-lo apesar de suas faltas. Não deve desconhecer suas ações erradas, nem apoiá-las. Mesmo aceitando ardentemente o amor de meu pai e de minha mãe, nem por isso deixei de notar os defeitos de ambos. Meu pai era excessivamente rigoroso, e minha mãe, excessivamente doce. Foi assim que compreendi, pela primeira vez, a verdade de que cada pai deveria amenizar sua razão com certa dose de amor, enquanto cada mãe deveria equilibrar seu amor com a razão. No meu Mestre, em compensação, havia a severidade do pai e a bondade da mãe, sem a cegueira de nenhum dos dois.
Todas as relações humanas nos foram dadas não para idolatrá-las, mas para idealizá-las. Se você puder aprender a considerar sua mãe como uma manifestação do amor incondicional da Mãe Divina, quando ela se for, encontrará conforto ao se lembrar de que a mãe terrena era apenas a forma em que a Mãe Divina veio morar entre vocês por um breve tempo. E se tiver perdido a mãe, deve encontrar a Mãe Divina oculta além dos céus. Jamais poderá perder a Mãe Suprema. A mãe que você amou era somente a manifestação da Mãe Cósmica; ela veio velar por você durante certo tempo, para depois fundir-se novamente no ser da Mãe Divina. Como conheço bem essa verdade! E como tive de sofrer para aprendê-la!
Minha mãe terrena era tudo para mim; minhas alegrias despertavam e dormiam no firmamento de sua presença. Lembro-me de uma viagem para casa, durante a qual senti intuitivamente que ela havia falecido; ao chegar à estação ferroviária, corri ao encontro do meu tio, e perguntei-lhe: “Ela ainda vive?” Como fiquei aliviado quando ele respondeu afirmativamente! Se tivesse confirmado meus temores, eu estava disposto a me jogar debaixo das rodas do trem. No entanto, os acontecimentos demonstraram que meu tio não havia dito a verdade, temendo uma reação drástica de minha parte. Quando soube que minha mãe estava morta, comecei a procurar por todos os lados os seus olhos amorosos, até que as estrelas se converteram em olhos negros que me contemplavam… Mas não eram aqueles olhos que eu amava. Descrevi essa busca em um de meus poemas; não me foi possível encontrar nenhum conforto até que…
Buscando incansavelmente minha mãe desaparecida,
Encontrei finalmente a Mãe Imortal.
Na Mãe Cósmica
Encontrei o amor que havia perdido,
Ao perder minha mãe terrena.
Buscando incessantemente,
Nos incontáveis olhos negros da Mãe,
Encontrei aqueles olhos negros desaparecidos.
Foi então que, ao perguntar à Mãe Divina: “Por que arrancou do anel do meu coração o diamante do amor de minha mãe?”, Ela me falou de Seu amor onipresente. Parte do que me disse aparece na continuação:
“Arrebatei-lhe aqueles olhos negros
que o aprisionavam,
para que pudesse encontrar
esses mesmos olhos
nos Meus olhos,
e no terno olhar
de todas as mães de olhos negros;
e para que pudesse perceber
em todos os olhos negros
só a sombra
dos Meus olhos.”
Se lhes fosse possível experimentar o encantamento que se apoderou do meu ser quando senti que aqueles olhos negros de minha mãe contemplavam-me de todos os lugares, de cada partícula do espaço! Que bela foi essa experiência! Todo o meu pesar converteu-se em gozo. Se rezar profundamente, como lhe disse, receberá uma resposta audível. As suas orações ainda não são suficientemente profundas. Mas quando rezar com o coração, elevando incessantemente o seu chamado – com a determinação de não parar de rezar até receber uma resposta – a Mãe Divina lhe responderá. E verá nela a sua própria mãe. Para mim, agora, toda mulher é mãe. Vejo, inclusive, em todo lugar onde se possa apreciar a mínima manifestação de bondade, a Mãe.
Quando pensa em Deus como seu pai ou mãe, você compreende por que ele nunca abandona ninguém, e como é possível perdoar até o maior pecador. Sempre que considere seus pecados incomensuráveis, sempre que o mundo lhe diga que você não vale nada, recorra a Deus em seu aspecto materno. Diga: “Mãe Divina, ainda que eu seja um mau filho, sou seu filho”. Quando recorremos a seu aspecto natural, Deus nada pode dizer; nós o derretemos. Mas não me interprete mal. Ele não o apoiará se continuar errando. Ao mesmo tempo que você apela à Mãe divina, é necessário que renuncie a suas más ações.
Há uma grande sabedoria na prática da confissão. Ela não apenas limpa a sua consciência, mas também clareia a sua posição: faz-lhe ver o que deve fazer e o que deve evitar. Assim, por exemplo, quando recorremos a um médico, devemos relatar-lhe tudo o que diz respeito à nossa doença, e ele nos prescreverá um tratamento; se seguirmos suas instruções, ficaremos curados. Se, porém, continuarmos atuando erroneamente de vez em quando, nunca recuperaremos a saúde. O mesmo acontece com a confissão espiritual. Conheço um rapaz que costumava dizer: “Posso fazer o que me agrada, já que na próxima semana, quando me confessar, serei perdoado”. Esse é um enfoque equivocado da confissão. Se, ao se confessar, você não renunciar simultaneamente ao mal, nunca obterá o perdão.
Paramahansa Yogananda
1 Comentário:
este seu blog tudo de bom , informção, cultura e conhecimeto.
parabéns , amiga , namaste lakismi
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